sexta-feira, 17 de maio de 2019

Clara Schumann, Noturno op. 6 (& um poema de Letícia Araujo)





Estou nua agora
- como tuas palavras -
Sou agora um poema nu !
Serei algum dia um poema morto,
Mas agora sou palavra nua.
Estou nua - alma e corpo
como um verso sem adornos.
Estou nua !
e ando pela casa só,
xícara na mão,
sorvo meu café
em plena madrugada.
Sozinha, degusto minha solidão !
Experimento tua falta
leio a nudez de teus versos 
com a mesma malícia que experimentaria teu corpo.
Na madrugada insone e fria
A xícara é teus lábios,
O café, teu suor;
e teus versos nus
são tua alma e teu corpo.


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