sexta-feira, 31 de maio de 2019

Não esquecerei desse anjo - (Álvaro Alves de Faria)


Não esquecerei
desse anjo
que à porta me bateu
para guardar-se da noite.

Não esquecerei
do que me disse
ao chamar-me pelo nome
que não tenho mais.

Não esquecerei
desse anjo 
que iluminou meu quarto
com a luz de uma prece
que me fez nascer
outra vez.

Não esquecerei.

                                             - Álvaro Alves de Faria -





Ruas desconhecidas - (Álvaro Alves de Faria)



                        https://twitter.com/Alvaro_de_Faria/status/1159141459238539266?s=20

Então tentei
achar-me na praça
onde não havia ninguém.

Então voltei
por ruas desconhecidas
pegando luas no chão.

Então toquei
canções medievais
na minha flauta perdida.

Então desisti
e falei palavras
antigas da memória.

Então morri
sem poesia, sem poema,
sem história.

                                        - Álvaro Alves de Faria - 

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Vulgar - Álvaro Alves de Faria




O poema é vulgar
a palavra é vulgar
a música é vulgar
eu sou vulgar
a poesia é vulgar
o sujeito é vulgar
o poeta é vulgar
a roupa é vulgar
o Brasil é vulgar
Anitta é vulgar
o amor é vulgar
a maconha é vulgar
Brasília é vulgar
a lei é vulgar
o vulgar é vulgar
tudo é vulgar.

                         - Álvaro Alves de Faria -


sábado, 25 de maio de 2019

A flauta - (Álvaro Alves de Faria)


                                              

Então tentei
achar-me na praça
onde não 
havia ninguém.

Então fui por ruas 
desconhecidas
pegando luas no chão.

Então cantei
canções medievais
tocando 
minha flauta aflita.

Então desisti
e destruí imagens
da memória.

Então morri
sem poesia,
sem palavras,
sem história.

                            - Álvaro Alves de Faria -

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Alice no espelho & César Fontana





Censura no espelho

Nesta noite em que me escondo
Sob o teto da loucura,
Grito a dor em grande estrondo,
Mas o espelho me censura:

— O teu sonho é o que te estraga!
És escrava de um querer!
Vês? Desprezo é tua paga!
Vais sofrer até morrer?

(César Fontana)


quarta-feira, 22 de maio de 2019

Aquilo que não me fizeste - (Álvaro Alves de Faria)



Aquilo que não me fizeste.
faço-o eu, por mim, 
mas em teu nome
que cravaste na minha pele
e no que tenho por viver.

Faço-o eu,
como se a me provar a existência
entre as pedras
que me fazem tropeçar.

Faço-o por mim e por ti,
o que esqueceste,
quando era preciso lembrar.

                                          - Álvaro Alves de Faria -

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Clara Schumann, Noturno op. 6 (& um poema de Letícia Araujo)





Estou nua agora
- como tuas palavras -
Sou agora um poema nu !
Serei algum dia um poema morto,
Mas agora sou palavra nua.
Estou nua - alma e corpo
como um verso sem adornos.
Estou nua !
e ando pela casa só,
xícara na mão,
sorvo meu café
em plena madrugada.
Sozinha, degusto minha solidão !
Experimento tua falta
leio a nudez de teus versos 
com a mesma malícia que experimentaria teu corpo.
Na madrugada insone e fria
A xícara é teus lábios,
O café, teu suor;
e teus versos nus
são tua alma e teu corpo.


CHOPIN noturno 20 & um Poema de Letícia Araujo



Lembro, 
a suave luz do abajour 
não superava o brilho dos teus olhos
Lembro o que senti
naquela penumbra,
naquela noite vulgar.
Lembro,
o tapete felpudo
a taça de vinho
o teu corpo nu.
A rua estava calma lá fora
com suas luzes amarelas
obscurecidas pela neblina da madrugada fria.
O dedilhar de um piano no toca discos
não quebrava a calmaria da noite.
Havia um silêncio que a música não perturbava.
Havia uma obscuridade, apesar da luz.
Choque de luz e escuridão
       ...de silêncio e som...
algo que aos reinos da fantasia nos conduz
algo que qualquer dicionário não traduz
O aconchego do nosso silêncio e som,
                     ...escuro e luz.


sexta-feira, 10 de maio de 2019

Schubert Serenata & Poema "Abajour" de Letícia Araujo

Lembro, 
a suave luz do abajour 
não superava o brilho dos teus olhos
Lembro o que senti
naquela penumbra,
naquela noite vulgar.
Lembro,
o tapete felpudo
a taça de vinho
o teu corpo nu.
A rua estava calma lá fora
com suas luzes amarelas
obscurecidas pela neblina da madrugada fria.
O dedilhar de um piano no toca discos
não quebrava a calmaria da noite.
Havia um silêncio que a música não perturbava.
Havia uma obscuridade, apesar da luz.
Choque de luz e escuridão
       ...de silêncio e som
algo que aos reinos da fantasia nos conduz
algo que qualquer dicionário não traduz
O aconchego do nosso silêncio e som,
                     ...escuro e luz.


quinta-feira, 9 de maio de 2019

Recife em dia de chuva - (Letícia Araujo)



Recife sob céu nublado.
Céu nublado... 
...sobre as ruas de minha alma.
Minha alma caminha molhada.
São lagrimas do céu !
Lágrimas do céu sobre minhas ruas!
As ruas de minha alma !
As ruas de Recife !

                                - Letícia Araujo -