quinta-feira, 28 de março de 2019
Casa antiga - (Letícia Araujo/Miriam de Magdala)
https://poemas-de-um-espirito.blogspot.com/2019/04/casa-antiga-leticia-araujo.html
Volto à casa antiga
e meus dedos encontram a parede fria.
Volto às paisagens de minha infância distante,
e o passado renasce.
Lembro então que eu tinha, para iluminar o meu ser,
o claro olhar de teu semblante,
teu rosto mais sereno, mais feliz,
tuas mãos que me levavam a passear
pelas calçadas que um futuro insípido não apagou.
Ando de novo pelas ruas do meu passado
e volto pelo caminho de tua alma,
para ouvir os sons de vida ao meu redor
que naquele tempo eram como o eco de tua voz.
E foram as asas de teu aconchego
que me fizeram não esperar o porvir
pensando que nada nem ninguém
poderia roubar de mim a infância,
que eu estaria no teu colo para sempre,
e nele apoiaria minha vida, o meu ser.
Mas descobri ser impossível tal sonho,
e outros sonhos tomaram teu lugar.
Cresci e segui meu caminho;
tuas mãos, teu rosto, teu olhar ficaram distantes,
nessas ruas ensolaradas,
e andei muito longe para hoje retornar
à procura de teus olhos, tua face;
quero descansar novamente em teus braços
e fazer de conta que não cresci;
falar de paisagens longínquas
que encontrei em outros mundos
e sentir em tuas mãos o calor
que as paredes frias do antigo lar não possuem.
Parar por momentos no teu regaço
sem esperar o futuro, sem olhar adiante...
...apenas parar !
Olhar pela janela de tua alma
e nessa infinitude me perder.
Você foi minha primeira estrada.
Volto a seguir os caminhos antigos.
Tua luz ilumina minha senda ainda hoje,
como iluminava minhas veredas
o sol de minha infância distante.
quarta-feira, 20 de março de 2019
Pecados nunca perdoados - Álvaro Alves de Faria
me senti um intruso,
mas só entrei
porque a porta
estava aberta.
Vi Deus triste
com olhos distantes
dos altares celestiais,
com seu cálice
de licor de anis.
Anjos varriam
pecados arrependidos,
especialmente os meus,
que nunca
foram perdoados.
Os anjos (Álvaro Alves de Faria)
Os anjos não existem,
mas todos os dias
vêm à minha casa
e voam
no meu quintal.
Mas não existem,
os anjos não existem.
No entanto,
tocam flauta
no meu quarto
e quando adormeço
adormecem também
como se existissem.
Não existem,
mas nesta noite
estaremos juntos
outra vez.
- Alvaro Alves de Faria -
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